A PRIMEIRA VEZ…
Tratava-se de uma tela branca e retangular. As cadeiras estofadas de conforto inquestionável já era motivo de se estatelar e de se fazer uma boa farra. Pelo menos enquanto as luzes não se rendiam ao sonho.
Foi uma sensação única. As luzes, naquele instante, entregavam-se às imagens que refletiam e contavam uma história recheada de paixão e de magia. Era como se estivesse narrando com riqueza de detalhes o desejo fragmentado de várias noites daquele pequeno espectador. A tentativa de juntar os pedacinhos das cores dos sentimentos e do próprio encanto ao despertar, incitava-o a uma busca apaixonada e intensa para viver e não acabar nunca.
Ao mesmo tempo em que ele assistia ao filme revoltava-se com o suposto plágio de suas imagens. Tomara um susto. Ficara impressionado com tamanha indiscrição. A sua privacidade fora tão revirada que ferira profundamente o âmago de seus sentimentos. Quem ousara, afinal, invadir o seu sonho e tomá-lo emprestando sem autorização prévia?!
A vida, mais tarde, esclareceu àquele menino que ela protagoniza todo e qualquer filme que é roteirizado por nós produtores. Somos responsáveis pela produção de ambos: tanto a do filme quanto a da vida… Sua produção, sua história é realizada de acordo com a nossa vivência e com os nossos sonhos. E o que faz a diferença é a realização, é a atitude. É como diz aquela máxima: “O mundo é de quem faz”.
Bem, o menino cresceu e se transformou naquilo que sou eu. Continuo sonhando, mas, hoje, corro e trato de realiza-lo para que não ocorra nenhum empréstimo indesejável e não me falte a oportunidade de dar título ao meu sonho (ou filme?!). E de afastar quaisquer possibilidades de acontecer como aquele filme (ou sonho?!) da minha tenra meninice, quando entrei pela primeira vez num cinema para assisti-lo e descobri-lo “Dio, come ti amo”